sábado, 2 de junho de 2012

Um bocadinho de onde vivemos

Desde ontem que o meu humor anda tipo zero, o que me irrita profundamente. Mas apesar disso consigo sempre encontrar alguma coisinha que me faça sorrir (para além do S. a ter um aparente ataque epilético provocado por um dedo entalado na cadeira, o que me fez chorar de tanto rir) e que faça o meu dia valer a pena.

Hoje comecei a ler um dos livros que comprei na Quarta-feira passada, que se chama Salaam Brick Lane (Olá Brick Lane), de Tarquin Hall. Para quem não sabe Brick Lane é uma rua muito trendy e movimentada de East London principalmente ao Domingo que é quando se faz o Brick Lane Market (simplesmente fantástico) e fica mesmo aqui ao pé de casa =)
Mas o que vos vou mostrar aqui hoje não é concretamente sobre Brick Lane, é sobre East End no geral e na visão/ideia que os Londrinos tinham (muitos ainda têm) do lado Este da cidade. Aviso que não é uma imagem muito bonita e apelativa, mas é interessante.

The East End in particular was one huge blank spot. My impression of the place was still coloured by childhood images of fogbound streets stalked by Jack the Ripper, Bill Sykes, and the notorious Kray Twins, who drove back Sedans and buried their victims in the foundations of motorways. At home and at school, I had been taught that the people of the East End were different. My parents and teachers had made the Cockneys sound like a distinct race. Their even had their own language, Cockney rhyming slang, which - is was said - they had developed to fool policemen.
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I crossed over Whitechapel Road and entered the warren of narrow streets behind the East End mosque where Bangladeshi children in white skullcaps played football between rows of parked cars. Not for the first time during the past few days, I found that I was the only white face on the street. Everyone else was from Afghanistan, Bangladesh, India, Pakistan, Somalia. As I passed by, I caught snippets of conversation in some of the estimated 102 languages spoken in the East End. 
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Its geographical position downwind from the Court, together with its proximity to the docks, ensured that the East End became London's principal industrial quarter, attracting migrant workers, immigrants, dissidents and artisans, as well an entrepreneurs excluded from the City by the monopolistic guilds. 
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A mystic divided between good and evil, civilization and savagery.
www.MasterFile.com

Algumas consideraçõezinhas pessoais:

1ª- Nós moramos mesmo no coração de East End, 5 minutos a pé de Brick Lane e 10 minutos a pé de Liverpool Street.

2ª- Whitechapel é dos sítios que mais abomino em Londres e posso confirmar que a descrição que é feita de Whitechapel Road é simplesmente perfeita. Inglês ouve-se muito pouco e ocidentais são ainda menos. Agora imaginem-me a mim, que passo por árabe constantemente por causa das minhas feições, a passar sozinha per uma rua onde todos acham que estou a desonrar a religião de Alá. Enfim ...

3ª- Apesar de toda esta ideia que existe sobre East London ser rasca, ser o lado dos pobres e dos perigosos, eu gosto de morar aqui. Apesar de não achar muita piada às ruas escuras e às vezes sujas, de não simpatizer com algumas raças que por aqui vivem e detestar os extremismos os religiosos a que estou sujeita todos os dias, existe qualquer coisa de especial em East End, algo de intrigante, daquelas coisas que nos repelem e nos atraem ao mesmo tempo. Nem sei explicar muito bem. Mas eu sou quem sou, o meu nome é Urze e eu vivo em terrenos onde comuns não têm condições para sobreviver. Lol. Por isso, nem seria eu se não tivesse vindo morar para East End, o lado obscuro e intrigante de Londres.

E pronto, acho que este foi o post mais estranho que já escrevi até hoje, mas sinto-me satisfeita. E tenho orgulho em ser East Londoner, por isso estas pequenas características estranhas não me incomodam. =)

Um beijinho e "até já".